Reescritas poéticas, em “A meditação sobre o Tietê”
Resumo
Mário de Andrade, em “A meditação sobre o Tietê”, poema longo publicado em Lira paulistana (1945), reescreve, em versos, expressões da tradição popular do Brasil, aproveitando traços das danças dramáticas, folguedos do povo estudados pelo poeta-pesquisador. Ao mesmo tempo, por meio da leitura de poemas de Percy Bysshe Shelley e de Walt Whitman, presentes em sua biblioteca, o modernista brasileiro se aproxima, na “Meditação”, de temas caros ao poeta britânico e ao bardo americano. Dessa forma, ele encontra, tanto nos bailados do povo quanto nos versos lidos, a fragmentação, o amor, a morte e a ressurreição, elementos que marcam sua poesia, mostrando, ao colher diferentes tradições, o caráter multifacetado do brasileiro, assim como a face fragmentada do eu lírico.