Hibridismo e generosidade na poesia de Ondjaki
Resumo
A poesia de Ondjaki celebra o híbrido em suas mais variadas formas, como a pluridiscursividade da língua portuguesa, a permeabilidade entre textos e autores, a quebra de nítidas fronteiras entre o humano e o natural e a contestação da posição privilegiada da razão. Ao fazê-lo, o poeta insere-se no que, em um ensaio sobre a escrita de Carlos Drummond de Andrade e de William Carlos Williams (2005), identifiquei como uma “poética da generosidade”, a um tempo humilde e transgressora, que, na esteira de pensadores como São Paulo, São Francisco de Assis, Martin Buber, Paulo Freire, e Leonardo Boff, entre outros, busca repensar o mundo pelo viés de um dialogismo que coloca em questão os alicerces iluministas da modernidade baseada no racionalismo e no individualismo. No presente artigo, minha reflexão sobre o hibridismo encontra apoio teórico nos trabalhos recentes do historiador Dominick LaCapra, em especial History and its Limits. Human, animal, violence, publicado em 1999.