A legitimidade na leitura da poesia de Augusto de Campos como agente de (re)escrita
Resumo
Na introdução de Outro (2015), Augusto de Campos afirma que “chegou muito tarde a um mundo muito novo”, sendo esta uma resposta para a naturalidade com que o poeta participa no espaço virtual e digital. A persistente luta do “novo com o velho” é revisitada, testada e confrontada ao longo de todo o corpus poético de Augusto de Campos, experimentando intermedialmente novas formas de escrita e de leitura. Esta forma de estar tirou proveito dos meios de comunicação de massa para catequizar o grande público para as vanguardas literárias, deslocando a sua actuação da imprensa escrita para a internet e, em particular, para as redes sociais. É neste espaço multimedial que a intrínseca relação da forma visual e material com a poesia é explorada próximo do seu potencial máximo, justapondo elementos sonoros, visuais e temporais no lugar do verso. Neste artigo pretende-se explorar a relação da legibilidade com a forma macro e micro tipográfica, e com o processo de ler e reescrever o poema deste modo iterativo. Trata-se de uma exploração da linguagem que abre as possibilidades de materializar o sentido do texto no processo de interação, exploração e leitura do poema, ao invés de o explicitar verbalmente, num processo iterativo de natureza cognitiva.