Arquivos Afro-diaspóricos: a voz do enigma na literatura negra-feminina brasileira
DOI:
https://doi.org/10.21747/2182-8954/ely18a2Resumo
Partindo da reflexão de Alice Walker, a respeito da necessidade de a pessoa negra intelectual estar duplamente preparada, pois “não há apenas um mundo novo a ser conquistado, há um mundo antigo a ser reivindicado”, penso a respeito da construção de arquivos afro-diaspóricos na literatura negra-brasileira, especialmente a produzida por autoras. Escolho duas obras que dão uma imagem desses arquivos: o conto “Exu e a lagartixa”, de Mãe Beata de Yemojá, do livro Caroço de Dendê (1997) e o poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo, do livro Poemas da recordação e outros movimentos (2008). Em diálogo com o pensamento de Sueli Carneiro, Lélia Gonzales, Luis Rufino e Achille Mbembe, trato das características e modos de construção destes arquivos antirrascistas, que se guiam por epistemes não brancas e não eurocentradas, e em como a literatura negra-feminina brasileira têm contribuído para a restituição de presenças, vibrações e vestígios. Neste sentido, a voz traduzida na escrita se revela fundadora.