Do fazer poético: Fernando Pessoa e Cruzeiro Seixas
DOI:
https://doi.org/10.21747/21828954/ely22a6Resumo
Assumindo grande importância nas artes, a repetição pode, em algumas situações, constituir um fenómeno transmedial (Wolf 2014). Tipologicamente enquadrável no âmbito dos estudos intermedia – na tipologia de Werner Wolf (2018) –, a transmedialidade designa “fenómenos itinerantes” (Rajewsky 2002), que, não sendo específicos de nenhum meio, nem tendo, consequentemente, uma origem medial facilmente identificável, são antes observáveis numa grande variedade de meios. Neste estudo, é justamente a reincidência e similitude de temas e de motivos em distintas artes/meios que nos importa analisar. Pretendemos, em particular, demonstrar que duas das pinturas de Cruzeiro Seixas – uma delas sugestivamente intitulada O poeta (s.d.) e outra Autorretrato (1974) –, assim como alguns dos metapoemas deste escritor de ofício-múltiplo revelam uma conceção do fazer poético que pode ser aproximada àquela que Fernando Pessoa espelha nas suas obras, e que assenta no princípio do fingimento artístico.