O lamento das imagens: a poesia nos dissensos verbovisuais e a emancipação do olhar
DOI:
https://doi.org/10.21747/21828954/ely23a11Resumo
Diante das potencialidades da linguagem verbal na arte, problematiza-se se as configurações que regem esses domínios geram imagens cujas produções e observações borram as estruturas de expressão em prol da emancipação dos artistas e dos espectadores. Para desenvolver tal raciocínio, recuperam-se as obras homônimas Lamento das Imagens: uma poesia de Ben Okri, e uma instalação artística de Alfredo Jaar. Os artistas, cada qual com a sua singularidade, denunciam os modos grosseiros pelos quais os domínios da expressão visual e verbal são tomados; ou seja, como as imagens são apreendidas de forma a tornarem-se reféns de percepções e juízos válidos a partir de uma lógica consensual, além dos modos pelos quais as imagens podem desaparecer. A partir das obras, abordam-se as convergências entre os pensamentos de Jacques Rancière e de Georges Didi-Huberman sobre a imagem. Percebe-se, com os autores, a capacidade da imagem em instaurar potências políticas: as palavras e as formas seriam meios pelos quais as vozes silenciadas e os corpos invisibilizados reivindicam uma posição política.