Experiência e Testemunho nas Cercanias do Fim em Jorge de Sena e Edgar Allan Poe
Palavras-chave:
Jorge de Sena, Edgar Allan Poe, fim, morte, humanidade, experiência, testemunho, sobrevivênciaResumo
Morte como experiência a superar; morte como tentação que impele ao questionamento: estas são duas perspetivas possíveis que Jorge de Sena e Edgar Allan Poe exploram respetivamente no poema “A morte, o espaço, a eternidade” (publicado em 1963 na obra Metamorfoses) e no conto “The descent into the maelström”, publicado em 1841. A proximidade temática não invalida divergências de abordagem, mas reflete o consistente interesse manifestado por estes autores na análise das capacidades humanas e no exercício da inteligência como fator determinante para a sobrevivência. Confrontado com o fim do mundo (e este tanto pode ser uma experiência individual como um acontecimento global), o homem observa, analisa, deduz, reflete. Nestes autores, a morte manifesta-se enquanto topos estruturante. Os dois textos abordam experiências nas cercanias do fim, atestando a vontade humana de vencer a morte, numa atitude de vigilância permanente impeditiva de uma verdadeira escapatória à pulsão da morte.