Ler, no corte, o que está prestes a nascer: "Chicas en tiempos suspendidos" de Tamara Kamenszain
DOI:
https://doi.org/10.21747/2182-8954/ely18a16Resumo
Na obra de Tamara Kamenszain, a porosidade dos gêneros, a genealogia e a tessitura de uma filiação afetiva costurada por referências literárias e culturais podem ser lidas como um dispositivo a partir do qual é possível teorizar a noção de arquivo, fazendo tremer as raízes da categorização. Este ensaio percorre essas questões em Chicas en tiempos suspendidos, último livro de poemas da escritora argentina. A partir de uma leitura pelo corte (que tanto se assume como o golpe ou o corte do verso que abre camadas de sentidos enquanto separa e une ao mesmo tempo, como também como o ponto de suspensão no qual tempos disjuntos se encontram, e, ainda, como um modo de comparecimento do real), busca-se as muitas camadas que se abrem em uma incisão que opera, a um só tempo, como ruptura que permite nascer de novo, de outra forma, em outra geração, deslocando e restabelecendo relações, alianças, filiações.