Videopoema 'O menino e o rio': transmidialidade em Manoel de Barros
DOI:
https://doi.org/10.21747/21828954/ely22a7Abstract
Com a evolução dos meios tecnológicos, a poesia, em alguns casos, absorveu várias inovações estéticas, dentre elas a possibilidade de tornar-se audiovisual. Sendo assim, inspirado nos textos do poeta brasileiro mato-grossense Manoel de Barros, o músico Márcio de Camillo idealizou em 2012 o projeto Crianceiras, que a priori musicou dez poemas para a produção de um CD, mas que hoje permeiam as mais diversas possibilidades técnicas e artísticas, sendo reproduzidas em videoclipes animados graficamente, teatro, dança, aplicativo interativo para celular, websérie e projeto educativo pedagógico. Contudo para este artigo, serão examinadas as confluências entre a poesia escrita e a poesia audiovisual, no poema O menino e o rio, formado pela justaposição de três poemas diferentes, processo de transmidiação que tem como base os estudos sobre Intermidialidade, abordados pelos autores Claus Clüver e Lars Elleström, que defendem a ideia de que a convergência midiática entre linguagens tem modificado as instâncias de produção de textos, como os literários, e que é preciso avançar no entendimento do sentido da palavra “mídia”, como transmissora de um signo. Por meio da Semiótica, ciência que investiga todas as formas de representação da linguagem, produtoras de significação e de sentido, Lúcia Santaella discute a integração entre texto e imagens, fixas ou em movimento, e do som, em uma nova linguagem híbrida. Manoel de Barros deixou como matéria prima poemas verbais, que se ressignificam através do contexto audiovisual, uma ferramenta de interpretação dos signos, que, por sua vez, gera novos signos, possibilitando dar à poesia outros significados.