Repetir, reprogramar o mundo: a pós-produção na poética de Patrícia Lino
DOI:
https://doi.org/10.21747/21828954/ely22a9Abstract
As manifestações artísticas contemporâneas da pós-produção compreendem um conjunto de tratamento de dados e de materiais que são reutilizados por meio da reciclagem. Por se tratar de um termo técnico vinculado à tecnologia audiovisual, ao cinema e à televisão, a pós-produção parte do princípio da repetição que se apropria de elementos diversos como principal meio composicional. Ao articularem palavra, imagem e vídeo, as obras da pós-produção não lidam com matérias-primas, mas com a reprogramação de discursos, formas e objetos existentes. Trata-se de construções que ressignificam estilos e formas historicizadas por meio da bricolagem segundo as próprias preocupações do/a artista. Logo, partindo da repetição por meio da colagem, da cópia, da recodificação e da reutilização de dados por meio da internet, este trabalho se detém a examinar aspectos dessas repetições através de hibridismos na poética da artista multimodal Patrícia Lino. Em suas composições, sobretudo em Anticorpo. A parody on the laughable empire (2019) e em No es esto un livro/ Não é isto um livro (2020), constatam-se, pela repetição reprogramada, novos protocolos de usos para os modos de representação de estruturas formais e de conteúdos sociais, bem como a expansão da poesia para o universo da cibercultura.