Grutas de Camões: Poesia Portuguesa e Orientalismo a partir da Crítica de Camilo Pessanha
Keywords:
Orientalismo, Poesia, Pessanha, Camões, Exotismo, MesmidadeAbstract
“A Gruta de Camões”, breve crítica de Camilo Pessanha publicada em 1924, pressupõe uma reflexão sobre o fenómeno do orientalismo na moderna poesia portuguesa. Esta nota de jornal parece colocar alguns argumentos contra a existência de tal fenómeno, uma vez que esse poeta irremediavelmente se sentiria, ao contrário do “exota”, um estranho numa terra estranha e agreste, uma vez que ele não possui o poder de presentificar, no seu exílio oriental, os sinais de um Portugal forte e imperial (simbolizado por Camões), perdido no espaço e no tempo. O presente artigo defende que o que aparece nos termos de uma formulação negativa pode ser revertido em positiva, pela qual tais dificuldades, que caracterizariam o processo de ler poeticamente Portugal no Oriente seriam elas mesmas a característica essencial do gesto orientalista português.