Mário Cesariny, artista-crítico
Resumo
Os encontros com o fazer artístico alheio são um dos motivos centrais da poética de Mário Cesariny – tanto em seu trabalho como pintor, escultor e desenhista quanto em sua escrita. No livro As Mãos na Água, a Cabeça no Mar, a voz do poeta-Cesariny parece dar lugar a uma dicção de um artista que põe diante dos leitores seu ateliê, sua oficina de trabalho, apresentando o processo criativo como um aprendizado e um encontro com o outro. A pluralidade de diálogos e a multiplicidade de paródias, de citações, de menções e de nomeações fazem com que o leitor dedicado a sua obra passe a duvidar da posição autoral, buscando em cada poema, tela, objeto e tradução aquilo que é genuinamente cesarinyano e o que provém de outro artista. Diante do poema traduzido “Os passeios”, publicado em As Mãos na Água [...], o leitor atento às misturas de discursos se interroga a respeito da autoria do texto: Kandinsky ou Cesariny?