Corpo/Palavra/Sangue: O levante de "Sangria"

Autores

  • Rita Terezinha Schmidt Universidade Federal do Rio Grande do Sul/CNPq

Resumo

Publicada em 2017, a obra poética intitulada Sangria, da poeta brasileira Luiza Romão, surpreende pelo formato sui generis alinhado à uma temática original e ousada que encena na palavra-corpo-imagem as fases do ciclo menstrual feminino orquestradas com os ciclos da história do Brasil, da colonização ao golpe parlamentar que levou ao impeachment da então presidente Dilma Roussef em 2016. Nas considerações sobre o conjunto de 28 poemas pontuo algumas questões de forma, linguagem e tratamento temático, com destaque às questões de gênero e raça no tocante ao corpo feminino e sua domesticação na contínua história da violência patriarcal no país. Argumento que na projeção da história da brasilidade como estéril porque pautada no estupro da terra virgem/corpo feminino, na espoliação de suas riquezas e no golpe contra a democracia, Sangria explora fronteiras silenciadas na história oficial, utilizando o poder da palavra e da imagem num ato performático que evoca sua filiação à tradição da slam poetry. Nesse sentido, a obra inscreve um ativismo artístico/político de parte do eu-lírico que, por meio da denúncia e da insurreição, projeta o desejo de transformação social.

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Publicado

2020-12-29

Como Citar

Schmidt, R. T. (2020). Corpo/Palavra/Sangue: O levante de "Sangria". ELyra: Revista Da Rede Internacional Lyracompoetics, (16), 23–39. Obtido de https://elyra.org/index.php/elyra/article/view/343