Quando a escrita emoldura o mundo: Perec, São Jerônimo e os paradoxos da descrição

Autores

  • Joana Barossi Associação Escola da Cidade – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

DOI:

https://doi.org/10.21747/21828954/ely25a2

Resumo

Este artigo analisa o gesto descritivo de Georges Perec diante da pintura São Jerônimo no seu gabinete, de Antonello da Messina, conforme aparece no capítulo final de Espèces d’espaces (1974). A descrição é abordada como um ato de tradução — não apenas da imagem em palavras, mas da experiência espacial em linguagem. Ao enfatizar o infraordinário, Perec desloca o olhar para aquilo que é banal, invisibilizado ou excessivamente presente, propondo uma escrita que constrói lugar ao invés de apenas representá-lo. O artigo explora como, em Perec, descrever não é apenas representar o espaço, mas construí-lo. Conceitos como ekphrasis e infraordinário ajudam a compreender a linguagem como um meio de habitar o mundo, mais do que apenas registrá-lo — um processo em que ver e dizer se embaralham para produzir novas formas de percepção. Mais do que capturar o real, a escrita se apresenta como um modo de habitá-lo, palavra por palavra.

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Publicado

2025-08-01

Como Citar

Barossi, J. (2025). Quando a escrita emoldura o mundo: Perec, São Jerônimo e os paradoxos da descrição . ELyra: Revista Da Rede Internacional Lyracompoetics, (25), 29–42. https://doi.org/10.21747/21828954/ely25a2