“Eu observo e descrevo”: os usos de um comando naturalista em “então descemos para o centro da terra”, de Marília Garcia
DOI:
https://doi.org/10.21747/21828954/ely25a3Resumo
Este estudo investiga como o poema “então descemos para o centro da terra”, de Marília Garcia (2023), mobiliza o comando naturalista “eu observo e descrevo”, evocando tanto procedimentos dos naturalistas viajantes (Linnaeus 2005) quanto os da literatura naturalista francesa (Zola 1982, Goncourt 1886). O poema constrói um “mapa” que liga as raízes das árvores da rua Tutoia, em São Paulo, à delegacia que abrigou um aparelho de censura durante a ditadura militar. Argumento que, em vez de uma descrição classificatória, considerando a tradição dos viajantes naturalistas (Foucault 1999), se prefere “anotar” e reorganizar elementos em novas composições. Por fim, analiso como a interação entre arte e ciência no poema forja memórias soterradas e outros modos de produção estética e de conhecimento. Proponho que esses procedimentos não indicam filiação nem oposição direta ao naturalismo, mas um uso crítico de suas estratégias à luz das urgências do presente.
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