Os híbridos cantam: a constituição do pensamento moderno, a poética Marubo e os estudos de poesia
DOI:
https://doi.org/10.21747/2182-8954/ely17a16Resumo
O artigo discute possibilidades abertas aos estudos de poesia a partir de poéticas ameríndias, voltando-se, em específico, às contribuições do antropólogo e tradutor Pedro Cesarino (2013), em “Quando a Terra deixou de falar”, antologia de cantos míticos da etnia amazônica Marubo. Tendo este objetivo em vista, é recuperada a discussão de Bruno Latour (2013) sobre a Constituição do pensamento moderno e suas garantias, para, em seguida, promover uma reflexão sobre como a poesia moderna, e precisamente a sua crítica, não escapa a este paradigma – pelo contrário, nele se inscreve. Para tanto, é trazido à tona o embate entre Berardinelli (2007) e Friedrich (1978) em torno da imanência e transcendência da poesia lírica, e da postura acusatória que dá dinâmica ao pensamento moderno. Feito isto, o texto retoma a poética Marubo e o ato tradutório de Cesarino (2008; 2013), como maneira de evidenciar uma poética vinda de outra cosmovisão, em tudo distinta a nossa, mas, sobretudo, para discutir como o olhar para esta poética pode nos fazer repensar paradigmas que formulam a epistemologia moderna e, por extensão, os pilares hegemônicos da crítica acerca da poesia.